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Deus não desiste de amar

Deus não desiste de amar

                 DEUS NÃO DESISTE DE AMAR (JOÃO 21)


Deus não desiste de nós, não abre mão de andar em nosso encalço. Ele descobre nosso paradeiro, insiste em manter-nos perto de si.
Para isso perturba nossa vida, cria inconveniências subproduzidas e patrocinadas por seu amor, pois em sua mente e no seu coração divino e supracósmico - além de toda compreensão - ele é incapaz de assumir em si mesmo a desistência de nossa própria vida.
A história de Pedro, melhor que qualquer outra, ilustra este fato e a insistência de Deus em não abdicar do direito que tem sobre a nossa existência. Se pensarmos em Pedro como uma vida que pode nos ilustrar essa realidade da afirmação que faço, torna-se de suma importância que avaliemos quem ele era, qual o seu perfil, como era constituído, qual tipo de sua existência, qual a sua tessitura moral, emocional, psicológica e de caráter, para que, em definindo a sua personalidade, possamos detectar semelhança conosco, de modo a nos animar a alentar quanto ao fato de que Deus não desiste de nós.
Se pensarmos no temperamento de Pedro vamos encontrar marcas, traços, sinais inequívocos de que ele era um tipo sanguíneo, extrovertido, falante, audacioso e paradoxalmente acovardado. Isso se torna claro quando observamos alguns confrontos de Jesus com ele - por exemplo, no mar da Galiléia, quando Jesus, premido pela multidão, vendo um barco por perto, entra nele, afastando-se das imediações da praia.
Do barco ele proclama a Palavra de Deus, após o que convida o dono da embarcação e seu sócio a saírem ao largo, para novamente pescar. Pedro explica que já o fizera a noite inteira, mas que trabalhara de maneira inócua, e apesar de tantas horas insone, todo o seu esforço capitulara - não apanhara um peixe sequer. Mas apesar disso, acrescenta: "...se insistes, sob a tua palavra lançarei as redes".
Ao se fazerem ao largo e lançarem a rede, diz a Bíblia que ele se encheu de peixes, Pedro, pescador experiente, que conhecia aquele lago como a palma de suas mãos, constatando o milagre, voltou-se para Jesus, ajoelhou-se a seus pés e disse: "Senhor, afasta-te de mim, porque sou pecador." Mas Jesus lhe respondeu:
“Vou fazer de ti um pescador de homens".
A partir dali Pedro anda com Jesus, segue sua trajetória, come com ele, dorme junto dele, vai com ele a toda parte, passa por riscos do discipulado, na mais fascinante história de vida que a um homem possa acontecer. O Espírito Santo começa a trabalhar na sua mente, fazendo-o ver Jesus como Messias. Aliás, é quando andam na direção do monte Hermom, de Cesaréia de Felipe, que ele inquire de seus discípulos: "Quem diz o povo ser Filho do homem? E eles responderam: Uns dizem João Batista, outros: Elias; e outros: Jeremias, ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?" Pedro, tomando a palavra, faz de rompante sua famosa profissão de fé: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus".
Diz a Bíblia no versículo 21 do capítulo 16 de Mateus, que a partir dali "começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas", ser humilhado, cuspido, golpeado, maltratado, despido, pregado na cruz, abandonado; levar sobre si os pecados dos homens e ressuscitar no terceiro dia. Ao dizer isso, Pedro, chamando-o à parte, pôs-se a reprová-lo, dizendo: "Imagina, logo tú; 6 Mestre! Não é possível que tal te aconteça! Que idéias mais negativas, mais absurdas! Que raciocínios mais sombrios!" "Mas Jesus, voltando- se, disse a Pedro: Arreda! Satanás, tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens".
Pedro era homem de contradições. Costumava fazer afirmações veementes: "Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei."
Na mesma noite, tem um repente de violência: lá no Getsêmani, premido pelas circunstâncias, puxa da espada, enquanto Jesus é preso, e golpeia a orelha do criado do sumo sacerdote. Logo em seguida, este aparente gesto de bravura se traduz numa experiência da mais absurda covardia. O mesmo Pedro da espada, quando pressionado, foge no meio da noite, abandonando Jesus, sua amizade, suas convicções, sua declaração de fé, aprendizado, descobertas, revelações, tudo!
Esse era Pedro: de temperamento fogoso e contraditório, impetuoso tanto para praticar pseudos atos de bravura quanto fugas de covardia. Sua fraqueza maior se evidencia na casa de Caifás. Jesus está preso, e Pedro,
que fugia da escuridão, volta sorrateiramente, penetra no pátio e vê pessoas em volta de um braseiro, conversando sobre o Cristo. (Que estaria acontecendo lá dentro?)
Enquanto isso Jesus é inquirido, confrontado, questionado pelas autoridades da religião judaica. Lá fora, uma criada passa servindo os que ali se encontravam, vê Pedro e diz: "Este é um deles". Mas ele contesta: "Não o sou". Pouco depois os que ali estavam dizem-lhe: 'verdadeiramente és um deles, porque também tu és galileu. Ele, porém, começou a praguejar e jurar: Não conheço esse homem de quem falais."
Nesses episódios Pedro evidencia toda a sua inconstância, seu caráter instável, e sem nenhuma firmeza. Nega todas as suas convicções, abdica de sua crença, apostata de seu compromisso com Jesus.
E como fica seu mundo psicológico? (É bom que pensemos nele também com as categorias do mundo psicológico.) Depois desses anos de caminhada com Jesus, se fosse eu que negasse o Mestre dessa forma, iria à loucura, à paranóia; minha alma ficaria desatinada e se desestruturaria; eu me reduziria a nada! Pois foi o que sucedeu a Pedro. Jesus se encontrava ali, numa sala, embaixo. Era preciso passar pelo pátio para descer a um plano inferior, na prisão da casa do sumo sacerdote Caifás, onde ele passou o resto da noite.
E quando vem saindo, o galo está cantando. Jesus, que dissera a Pedro que isto aconteceria, encontra o olhar do discípulo, encolhido em sua vergonha. Ele o fita, e vê nos olhos do apóstolo melancolia, covardia, fraqueza, morte antes da morte. Então Pedro chora.
O homem-pó sai dali, entra na noite escura - e que noite tenebrosa! -, envereda pelos bosques, passa pelo meio dos pinheiros, dos olivais, vai chutando pedras, sufocado pelos gemidos e as lágrimas quentes e grossas que lhe rolam pelas faces. Reduzira-se a menos que homem. Negara tudo mais que a si mesmo: negara a Deus. Agora o que lhe resta são pesadelos, em noites terríveis. Na primeira noite a madrugada o encontra insone, a mente em brasas, vozes inquirindo-o, insistentes:
"Tu és um deles!" "Não sou!" "Tu és galileu!" "Não o conheço!"
Assim decorrem duas noites de angústia mental. Pedro, por assim dizer, está dominado pela síndrome do canto do galo. Todas as vezes que o galo canta ele estremece. Sua alma está reduzida a nada, golpeada por todos os lados pelos chicotes da negação. Incapaz de levantar a cabeça tem
agora uma auto-imagem completamente aniquilada; sua dignidade é um zero à esquerda. Negara o próprio nome: Pedro, ou Cefas, que significa pedra. Pedra coisa nenhuma! Já não era Pedro-pedra, mas Pedro-pó. Seu nome tornara-se mentira. Desistira de si mesmo. Fartara-se de si.
Cansara-se de ser discípulo; cansara-se de aventuras, do Reino de Deus, de sonhar com transformações e revoluções de amor. Desiludira-se de todos, porque antes de tudo se desiludira de si mesmo.
Pedro desistira de si próprio, mas Jesus não desistira de Pedro. E esta é a realidade: Jesus não desiste de ninguém: nem de você, nem de mim. Você pode ter desistido de si mesmo; pode sentir-se até absolutamente em desacordo com as verdades do Reino de Deus; ver-se aquém e abaixo de todos os desvios e níveis de vida propostos pelo Reino de Deus, contudo Jesus não renuncia a você. Diz a Palavra de Deus que a primeira evidência de que Jesus não desiste de Pedro é o recado que lhe manda. O túmulo está lacrado mas vem um anjo do céu.
A escolta romana está presente. Todos pensam que Jesus dorme o sono eterno no jazigo de José de Arimatéia. Eis que um terremoto sacode o lugar. O anjo remove a pedra. Às mulheres e aos circunstantes próximos ao túmulo ele diz:
"Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto. Mas ide, dizei aos seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis, como ele vos disse".
Voltando as mulheres para casa, encontram os discípulos, e dizem: "O Senhor está vivo! Um anjo deu a notícia. Os soldados romanos ficaram inertes; a terra tremeu! Jesus está vivo! O túmulo está vazio! Há um recado dizendo que devemos ir para a Galiléia. Há uma menção especial a Pedro. O Senhor disse que a presença dele no encontro é de suma importância..." E eles prosseguem: - Pedro, volte não pode faltar. Você tem de estar na Galiléia junto com os outros! Você tem de ir! Jesus espera por você! Ele quer vê-lo. É imprescindível que você esteja lá!
E Pedro finalmente se dispõe a ir. E vai: reduzido, alquebrado, sem moral, desautorizado, com a auto-imagem esfacelada de alguém que negou o Senhor. Vai pronto para receber uma exortação; vai para que Jesus o censure, dedo em riste. Vai para ser acusado, punido, na presença
de todos. Vai para ser humilhado e esmagado; vai porque Jesus lhe ordenou que fosse.
De tal forma ele desistira de si que, em chegando à Galiléia nem pôde esperar a aparição de Jesus.
Volta às redes, ao barco, ao mar, à pesca, e acontece tudo como da primeira vez. Pesca a noite toda junto com os amigos. Lança a rede e puxa, na monotonia de lançar e puxar a noite toda sem apanhar um só peixe. De manhã cedo, enfadado, cansado, frustrado pela noite vazia, vai para a praia, e alguém grita de lá: "Amigos, vocês têm aí alguma coisa de comer?" E eles respondem: - "Não!" A voz da praia insiste: "Lancem a rede à direta do barco e achareis". E eles lançam.
Já não podem puxá-la, tão grande é a quantidade de peixes. João olha e pensa alto: Eu me lembro disto. Já aconteceu antes, aqui mesmo. A cena é muito semelhante. É o Senhor!
E Pedro, ouvindo que é o Senhor, se veste, lança-se ao mar. Os outros vão remando, com os barcos abarrotados ao ponto de quase irem a pique. O homem-pó nada até a praia, sai encharcado, cabisbaixo, em direção a Jesus. Chegam também os demais, e Jesus diz: - Trazei alguns dos peixes que acabastes de apanhar.
E Pedro, sozinho, numa demonstração de compensação psicológica não deseja a ajuda de ninguém. O homem frustrado, o caído, tenta fazer tudo sem o auxílio de quem quer que seja. Quer puxar a rede, trazer os 153 grandes peixes até a praia. Jesus diz: "Trazei alguns dos peixes que acabastes de apanhar".
Há ali um braseiro. Eles assam os peixes e é nessa oportunidade que Jesus dá início à solene conversa com Pedro.
O que acontece é que Jesus não desistiu de Pedro. E ele não desiste de nós.
E é nessa perspectiva de não desistência que ele nos faz hoje as mesmas perguntas que fez a Pedro. Ele faz a pergunta que reedifica, energiza o caído. Mas só há uma maneira de soerguer, levantar um apóstolo; só há uma maneira de reconstruir uma alma fragmentada como a de Pedro; só há uma maneira de restaurar a mente destruída, auto-imagem esmagada, o mundo psicológico esfacelado, a fé desmoronada.
E como é bom que Jesus seja diferente de nós! Jesus se aproxima. Ele acaba de cear. Volta-se para Pedro e diz: "Pedro, tu me amas?" Pois esta é a grande pergunta: "Tu me amas?" Como Jesus é diferente de mim! Provavelmente eu me aproximaria de Pedro, pigarrearia, ajeitaria bem o colarinho clerical, pegaria a minha Bíblia para dar um tom mais solene e diria: "Mas filho, você promete que nunca mais vai fazer isso?" Ou então: "Que foi que aconteceu, homem?" Ou provavelmente: "Eu não disse que isso iria acontecer? Agora você está aí com esse complexo de canto de galo..." Ou com acidez: "Como é que um homem da sua estatura, da sua estirpe, um homem que teve tantos privilégios, cai em circunstâncias de tanta fraqueza, tanta fragilidade?!" Mas Jesus é diferente. Quanta sabedoria há em suas perguntas! Ele trata os homens, por mais esbagaçados que estejam, com a maior dignidade. Não esmaga a cana quebrada. Não apaga a torcida que fumega. Não destrói os últimos lampejos da alma humana. Ao contrário: reconstrói a cana quebrada, acende a chama que ficou no pavio.
"Pedro, tu me amas? Tu me amas, Pedro?" Na resposta de Pedro, e só nessa resposta, poderia haver cura para a sua vida, seu caráter e sua mente. Preste atenção: só o amor responde à altura do discipulado. Só a resposta de amor responde à altura da santidade. Só a resposta de amor responde à altura das reivindicações de Jesus. Não é nosso moralismo, legalismo ou religiosismo. Tampouco o biblicismo. Mas unicamente a resposta de amor à pergunta de Jesus:
- "Tu me amas?"
Se você não puder responder, do fundo do coração, "Eu te amo", não há meios de responder à altura do convite do discipulado e da obediência. "Se me amardes" - diz Jesus em João, 14.15 -, "guardareis os meus mandamentos".
Paulo diz que uma vida que vive em devoção, que tem o temor do Senhor, que está em comunhão com Jesus é uma vida que responde positivamente ao amor de Cristo. 11 Coríntios, 5:14 nos mostra porque o amor de Cristo nos constrange, nos convulsiona, nos quebranta. É o amor de Cristo que nos conduz à santidade. É a perseverança, o temor do Senhor, o desejo de ser agradável a Deus. Não é nenhuma outra coisa. 0 resto cria fachada, máscara põe capuz, pinta com os cosméticos de pseudopiedade, mas não produz vida.
Só o amor responde à altura da pergunta de Jesus: "Tu me amas?"
Há algum tempo me encontrava em Atenas, onde passaria um dia, devendo viajar no fim deste para a Suíça. Estava absolutamente só, hospedado num grande hotel. A agência de viagens, encarregada de fazer meu traslado desse hotel para o aeroporto, enviou uma jovem para ir ter comigo, antes que eu seguisse viagem. Era uma brasileira residente em Atenas. Quando chegou, com três horas de antecipação, viu-me na portaria do hotel.
Notei, desde os primeiros momentos, que a moça parecia insinuar-se com olhares lascivos, gestos convidativos com os lábios, trejeitos físicos e corporais sensuais. A situação se prolongou por uns dez minutos, e em meu coração temi julgar se o que estava percebendo era de fato o que estava percebendo. Tentei racionalizar, convencer-me: "Vai ver que estou imaginando coisas; talvez, por estar exagerando a perspectiva da solidão, esteja começando a imaginar que essa moça está me dizendo qualquer coisa com seu jeito de ser". Mas cinco minutos depois não restaram muitas dúvidas de que, no mínimo, ela estava extremamente insinuante.
Eu estava sozinho, do outro lado do mundo, num hotel de quatro estrelas, a chave do quarto à mão, mas a voz do Espírito Santo em meu coração dizia:
"Tu me amas?"
- Sim, eu te amo - respondia.
Só o amor responde à altura da fidelidade e do discipulado, esteja você onde estiver e com quem_ estiver. Pressentindo a possível insinuação, voltei-me para aquela moça e comecei a falar-lhe de Cristo. Logo notei que ela foi se quebrantando, sua mente deu uma volta. Depois de anunciar Jesus deixei-a no aeroporto tratando-me com imenso respeito e consideração.
Só o amor responde à altura da obediência e da fidelidade. Só o amor soergue o caído.
"Tu me amas?" pergunta Jesus "Se me amas, isto é tudo. O resto é conseqüência. O resto é comentário. Quem me ama guarda os meus mandamentos."
A partir daí, Jesus faz acentuar sua graça sobre a fraqueza humana. Há afirmações inequívocas e quase dramáticas e coreográficas da sua graça sobre a vida de Pedro. Senão, observe: Ele produz afirmações
verbais que se sobrepõem às afirmações verbais da negação na vida de Pedro.
- Pedro, tu me amas?
- Senhor, eu te amo.
Três a um para a negação.
- Pedro, tu me amas?
- Sim, eu te amo.
Três a dois para a negação.
- Pedro, tu me amas?
- Eu te amo Senhor. Três a três!
- Pedro, segue-me! Pedro, segue-me! Pedro, segue-me! Pedro, segue-me!
Lá estão as afirmações que Jesus pede, exige - todas de amor -, para cobrirem todas as afirmações da negação que possam haver surgido em sua vida.
A seguir vêm as afirmações circunstanciais. Pedro negou Jesus diante de um braseiro. Há dois lugares no Novo Testamento onde aparece a palavra braseiro. A primeira é na casa de Caifás, onde Pedro negou a Jesus, a segunda é aqui, na praia, onde há um braseiro. Jesus cura a mente de Pedro.
Você se lembra daquelas labaredas da negação? Chamas de negação? - "Eu não o conheço, não sei quem ele é. Juro que não o conheço. Deixem-me em paz!
Não o conheço!" Chamas de negação se misturam a chamas de afirmação, com as brasas que acendem e incendeiam o amor: "Pedro, tu me amas?" "Eu te amo, Senhor!"
Sei que muitos têm vivido o esforço legalista de se manter no padrão do Reino de Deus. Alguns já desistiram de si mesmos. Alguns caíram ao nível do cinismo, quem sabe, até da indiferença. Reclamam de si: "Não consigo viver nesse patamar; não consigo responder a essas reivindicações do Reino".
Jesus olha para você. A questão dele é: "Tu me amas? Se me amas poderás responder à altura do padrão do Reino de Deus".
- Tu me amas? - eis a questão!
Vamos avaliar em que nível se desenvolve a nossa vida. Você pode ter desistido de si, mas Deus não desiste de você. Na sua graça ele quer nos afirmar e nos fortalecer. Ouça o que Pedro diz no final de sua vida. Cansado, ele é agora o Pedro que aprendeu a responder à altura do discipulado respondendo ao amor. No fim da sua vida, na sua primeira epístola, ele diz: "Ora, o Deus de toda graça, que em Cristo Jesus vos chamou a sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá." O Deus de Pedro é agora o Deus de toda a graça!
É somente na certeza do amor-que-não-desiste que se vive com a coragem de enfrentar as próprias contradições e derrotas. A história de Pedro deveria no mínimo nos tornar humildes, despojados, quebrantados, e apenas confiantes no amor e no poder de Deus.
A maior expressão do poder de Deus é sua capacidade de perdoar. Per-do-ar!
Caso você esteja alquebrado e interiormente destroçado, entregue-se ao Cristo vivo e ressurreto, capaz de juntar seus pedaços.
E lembre-se: Ele não desiste de o amar!
Oração de Pedro
Três vezes Te neguei.
Três vezes me perguntas: - Tu me amas?
Três vezes fui a Ti e a missão que a mim confiaste.
Três vezes me confias de novo Teu rebanho
- Apascenta minhas ovelhas - dizes.
Três vezes condenado,
Três vezes acusado pelo canto do galo
e minha atormentada consciência.
Contudo três vezes Tua voz interrompe meus gemidos
E teu amor três vezes acentua a Tua graça
e me faz esquecer três vezes haver dito que não Te conhecia.
Não mais três vezes,
Porém milhares de vezes
quero Te dizer que Te amo, Jesus,
que Te amo, Te amo!


Caio Fábio

[ Do livro Resposta à Calamidade Ed. CPAD 1988]