Reflexões Charles H. Spurgeon
Confie em Deus, e não nos Meios
por
Charles Haddon Spurgeon
“Pois tive vergonha de pedir ao rei uma escolta de soldados, e cavaleiros para
nos defenderem do inimigo pelo caminho, porquanto havíamos dito ao rei: A
mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira estão contra todos os que o deixam” (Ed. 8:22)
Uma escolta em muitos aspectos teria sido desejável para o grupo de viajantes,
mas um santo sentimento de vergonha não permitiria que Esdras procurasse uma.
Ele temia que o rei pagão pensasse que sua declaração de fé em Deus fosse mera hipocrisia, ou imaginasse que o Deus de Israel não fosse capaz de proteger Seus próprios adoradores. Ele não poderia deixar sua mente confiar no braço da carne (ver II Cr. 32:8) numa questão evidentemente do Senhor e, assim, a caravana inicia sua jornada sem proteção visível, guardada por Aquele que é a espada e o escudo de Seu povo. Receio que poucos crentes sintam este zelo santo por Deus; mesmo aqueles que de certa forma andam pela fé, ocasionalmente estragam o brilho de sua vida ao suplicar o auxílio dos homens. Não existe maior bênção que não ter qualquer apoio ou suporte, a não ser ficar direto na Rocha Eterna, sustentado somente pelo Senhor. Buscariam os crentes doações para suas igrejas se eles se lembrassem que o Senhor é desonrado ao pedirem socorro a César?
Como se o Senhor não pudesse suprir as necessidades de Sua própria causa!
Recorreríamos tão rapidamente à ajuda de amigos e familiares se nos
lembrássemos que o Senhor é glorificado pela nossa confiança absoluta em Seu braço? Ó minh´alma, espera só em Deus. "Mas", alguém diz, "os meios não podem serem usados?" É claro que podem; mas nossos erros raramente consistem em sua negligência: na maior parte das vezes florescem da tolice de crer nos meios em vez de crer em Deus. Poucos fogem, não confiando tanto na ajuda humana; no entanto, muitos pecam muito ao dar-lhe demasiada importância. Aprenda, querido leitor, a glorificar o Senhor por recusar valer-se dos meios, se, ao utilizá-los, vier a desonrar o nome do Senhor.
Conforme Tuas Forças
por
Charles Haddon Spurgeon
"Tudo o que te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças"
(Eclesiastes 9:10).
Tudo o que te vier à mão para fazer, refere-se a trabalhos que são possíveis. Há muitas coisas que nosso coração encontra para fazer que nunca faremos. É bom estarem em nossos corações; mas, se formos eminentemente úteis, não devemos estar contentes apenas em preparar planos em nossos corações e falar deles; devemos executar praticamente “tudo o que vier à nossa mão para fazer”. Uma boa ação é mais valiosa do
que mil teorias brilhantes. Não esperemos por grandes oportunidades, ou por uma espécie diferente de trabalho, mas façamos exatamente as coisas que "acharemos para fazer" dia após dia. Não temos outro tempo no qual viver. O passado se foi; o futuro ainda não chegou; nunca teremos tempo algum que não seja o presente. Portanto, não esperemos até que nossa experiência amadureça antes de tentarmos servir a Deus. Esforcemo-nos agora para produzir frutos. Sirvamos a Deus agora, mas tomemos cuidado com a forma como estamos realizando o que encontramos para fazer - "façamo-lo conforme as nossas forças". Façamo-lo prontamente; não desperdicemos nossa vida pensando que no que pretendemos fazer amanhã, como se isso pudesse compesar a inatividade de hoje.
Qualquer coisa que fizermos para Cristo, dediquemo-nos a ela com toda a nossa alma. Não demos a Cristo um pequeno trabalho depreciável, feito de maneira natural de vez em quando; mas, quando o servirmos, façamo-lo com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças.
Mas onde está a força do cristão? Não está em si mesmo, pois ele é uma fraqueza total. Sua força repousa no Senhor dos Exércitos. Então procuremos sua ajuda; continuemos com oração e fé, e, quando tivermos feito o que nossa mão tem para fazer, esperemos no Senhor por Sua bênção. O que fizemos assim será bem-feito, e não falhará em seus resultados.
Davi: o Salmista de Israel
por
Charles Haddon Spurgeon
“O mavioso salmista de Israel” (2Sm. 23:1)
Dentre todos os santos cujas vidas foram registradas nas Santas Escrituras, Davi possui uma experiência do tipo mais variado, impressionante e instrutivo. Na sua história deparamo-nos com provações e tentações que não são mostradas, de um modo geral, em outros santos dos tempos antigos; e por isso, ele é o tipo mais sugestivo de nosso Senhor. Davi conheceu todos os tipos de provações e situações dos homens. Os reis têm seus problemas, e Davi usou uma coroa; o camponês tem suas preocupações, e Davi manejou o cajado de pastor; o errante tem muitas necessidades, e Davi habitou nas cavernas de En-Gedi; o capitão tem suas dificuldades, e Davi achou os filhos de Zeruia difíceis demais para ele. O salmista também foi provado em seus amigos, seu conselheiro Aitofel o abandonou: "Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar." (Sl. 41:9) Seus piores inimigos foram os de sua própria casa: seus filhos foram sua maior aflição. Tentações de pobreza e riqueza, de honra e acusações, de saúde e fraqueza, todas testaram seu poder sobre ele. Ele teve tentações externas para perturbar sua paz e internas para tirar sua alegria.
Tão logo Davi escapava de uma provação, caía em outra; tão logo emergia de um período de desânimo e temores, era novamente mergulhado no mais profundo abismo, e todas as ondas e vagalhões de Deus o derrubavam. Provavelmente é por causa disto que os salmos de Davi sejam tão deleitosos aos cristãos experientes de todo o mundo. Seja qual for o nosso estado de espírito, de euforia ou de depressão, Davi descreveu exatamente as nossas emoções. Ele foi um hábil mestre do coração humano, pois foi instruído na melhor de todas as escolas – a escola das verdadeiras experiências pessoais. À medida que somos instruídos na mesma escola, à medida que amadurece-mos em graça e em anos, apreciamos cada vez mais os salmos de Davi, e descobrimos que são "pastos verdejantes".
Minh´alma, deixa as experiências de Davi te animarem e te aconselharem neste dia.
Fonte: Morning and Evening (Devocional matutina do dia 20 de agosto)
Dependência Total do Senhor
por
Charles Haddon Spurgeon
“Eles, pois, colhiam o maná cada manhã” (Êxodo 16:21)
Esforça-te em preservar o propósito da tua total dependência do agrado e da
vontade do Senhor, para que as tuas mais ricas alegrias permaneçam.
Jamais tentes viver do velho maná, nem procures encontrar auxílio no Egito.
Tudo precisa vir de Jesus ou estarás arruinado para sempre. Unções antigas não bastarão para transmitir graça ao teu espírito; tua cabeça necessita do azeite fresco do chifre de ouro do santuário derramado sobre ela ou não terá glória.
Hoje podes estar no topo do monte de Deus, mas Ele, que te colocou lá, deve te manter lá, ou descerás muito mais rápido do que imaginas. Tua montanha só
permanece firme quando Ele a assenta em seu lugar; se Ele esconder Sua face, logo ficarás abalado. Se o Salvador assim o quisesse, não haveria janela para veres a luz do paraíso, a qual Ele não pode apagar nem por um instante. Josué ordenou ao sol que parasse, mas Jesus pode encerrá-lo em total escuridão. Ele pode retirar a alegria do teu coração, a luz dos teus olhos, e a força da tua vida; as tuas consolações repousam em Suas mãos, e, pela Sua vontade, podem ser afastadas de ti. Esta dependência contínua é determinada pelo Senhor para a sentirmos e reconhecermos, pois Ele só nos concede orar pelo “pão de cada dia,” e promete apenas que “a nossa força será como os nossos dias”. Não é melhor para nós que seja assim, podendo sempre retornar ao Seu trono e ser lembrados constantemente de Seu amor? Oh! Como é rica a graça que nos sustém incessantemente e que não se retém por causa da nossa ingratidão!
A chuva de ouro jamais cessará e a nuvem de bênçãos permanecerá para sempre sobre a nossa habitação. Ó, Senhor Jesus, nos curvaremos aos Teus pés, conscientes da nossa total incapacidade para fazer qualquer coisa sem Ti, e, em cada favor que tivermos o privilégio de receber, adoraremos Teu bendito nome e reconheceremos Teu inextinguível amor.
Fonte: Morning and Evening (Devocional matutina do dia 16 de Julho)
Amado de Minha Alma
por
Charles Haddon Spurgeon
“Ó amado de minha alma” (Cantares 1:7)
É muito bom ser capaz de dizer do Senhor Jesus, sem nenhum "se" ou "mas", "Ó amado de minha alma". Muitos podem apenas dizer de Jesus que esperam amá-Lo; que acreditam que O amam; mas só quem tem uma experiência pobre e superficial ficará contente em parar por aqui. Ninguém ouse dar qualquer
descanso a seu espírito até que se sinta totalmente seguro quanto a esse assunto de vital importância. Não ousemos ficar satisfeitos com uma esperança
superficial do amor de Jesus e com uma mera confiança de que O amamos. Em geral, os santos do passado não falavam com esses "mas", "se", "espero", "acho", mas falavam com simplicidade e segurança. "Eu sei em quem tenho crido", disse Paulo. "Eu sei que meu Redentor vive", disse Jó. Tenha absoluta certeza de seu amor por Jesus e não se dê por satisfeito até poder falar de seu interesse por Ele como uma realidade, na qual esteja seguro de ter recebido em sua alma, pela fé, o testemunho e o selo do Espírito Santo.
Amor verdadeiro por Jesus é, em todos os sentidos, obra do Espírito Santo, e
deve ser trabalhado no coração por Ele. Ele é o agente eficaz mas, a razão lógica pela qual amamos Jesus repousa em Si mesmo. Por que amamos Jesus? Porque Ele nos amou primeiro . Por que O amamos? Porque Ele deu a Si mesmo por nós . Nós temos vida através da Sua morte; temos paz através de Seu sangue. Apesar de ser rico, Se fez pobre por amor de nós . Por que O amamos? Por causa da excelência da Sua pessoa. Somos fartos com o senso de Sua beleza! com a admiração de Seus encantos! com a consciência de Sua infinita perfeição! Sua grandeza, Sua bondade e Seu amor, num raio resplandecente, combinam para encantar a alma até que ela fique tão arrebatada que exclame: "sim, Ele é totalmente desejável" (Ct.. 5:16) . Abençoado amor - amor que ata o coração com cadeias mais macias que a seda e ainda mais fortes que o diamante.
A Soberania de Deus Remove a Vanglória
Charles Haddon Spurgeon
“Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia
e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Romanos 9.15).
Nessas palavras, o Senhor reivindica, da forma mais clara possível, o direito de
outorgar ou reter sua misericórdia, de conformidade com sua própria vontade.
Assim como um monarca está investido da prerrogativa de conceder vida ou morte, assim também o Juiz de toda a terra tem o direito de poupar ou condenar o culpado, conforme Lhe parecer melhor.
Os homens, por causa de seus pecados, perderam todo o direito diante de Deus e, portanto, merecem a perdição eterna. E, se todos eles buscarem seus direitos na presença dEle, não encontrarão qualquer fundamento para suas
reivindicações. Se o Senhor age para salvar alguém, Ele o faz de modo que os
objetivos de sua justiça não sejam distorcidos. No entanto, se Ele acha melhor
deixar os condenados sofrerem a justa sentença, ninguém pode chamá-Lo a
juízo. Tolos e imprudentes são todos os discursos que se referem aos direitos dos homens serem colocados na mesma condição diante de Deus. Ignorantes, se não forem algo pior, são as contenções contra a graça discriminadora de Deus; tais contenções expressam a rebeldia da natureza humana orgulhosa contra o trono e a autoridade de Jeová.
Quando Deus nos mostra nossa ruína completa, nosso infeliz merecimento e a
justiça do veredicto divino contra o pecado, nunca mais contestamos a verdade
de que o Senhor não tinha qualquer obrigação de salvar-nos; não murmuramos
diante do fato de que Ele resolveu salvar outros, como se estivesse nos causando dano, mas sentimos que, se Ele desejou volver-se para nós, isso foi um ato espontâneo de bondade imerecida da parte dEle, pelo que bendiremos para sempre o seu nome.
Como poderão aqueles que são objeto da divina eleição adorar de forma
suficiente a graça de Deus? Eles não têm motivo para se gloriarem, pois a
soberania divina exclui com eficácia qualquer motivo. Somente o Senhor deve ser glorificado; a própria noção do mérito humano será lançada na vergonha eterna. Nas Escrituras, não existe uma doutrina que seja mais humilhante ao homem do que a da eleição; uma doutrina que mais promova a gratidão e,
conseqüentemente, seja mais san- tificadora. Os crentes não devem temê-la, e
sim regozijarem-se nela, em adoração.
Cedro: Símbolo do Cristão
Charles Haddon Spurgeon
“Os cedros do Líbano que Ele plantou” (Sl. 104:16)
Os cedros do Líbano simbolizam os cristãos, naquilo que se refere a terem sido
inteiramente plantados pelo Senhor. Isto é a verdade absoluta de cada filho de
Deus. O cristão não é plantado pelo homem, nem por si mesmo, mas é plantado por Deus. A mão misteriosa do Espírito divino fez cair a semente da vida dentro do coração que Ele mesmo preparara para recebê-la. Cada verdadeiro herdeiro do céu pertence ao grande Agricultor que o plantou. Além disso, os cedros do Líbano não dependem do homem para regá-los; eles subsistem nas altas rochas não irrigadas pelo homem; e, no entanto, nosso Pai Celeste supre suas necessidades. Assim é com o cristão que aprendeu a viver pela fé. Ele não depende do homem, mesmo nas coisas temporais; ele espera no Senhor seu Deus pelo seu sustento, e somente nEle. O orvalho do céu é sua porção e o Deus do céu o seu manancial. Mais uma vez, os cedros do Líbano não são protegidos por nenhum poder mortal. Eles nada devem aos homens para serem preservados das tempestades e ventos tormentosos. São árvores de Deus, mantidas e preservadas por Ele, somente por Ele.
É exatamente a mesma coisa com o cristão. Ele não é uma planta de estufa, protegido das tentações; ele fica no local mais exposto; não tem refúgio, nem proteção, exceto esta, que as vastas asas do Deus eterno sempre abrigam os cedros que Ele mesmo plantou. Como os cedros, os crentes são cheios de vigor, tendo vitalidade suficiente para estarem sempre viçosos, mesmo no meio das neves do inverno. Finalmente, o florescimento e as majestosas condições do cedro são somente para o louvor de Deus. O Senhor, e somente Ele, tem sido tudo para o cedro e, por isso, Davi, com muita doçura, colocou num de seus salmos: "Louvai ao SENHOR, árvores frutíferas e todos os cedros. " (Sl. 148:9) No crente não existe nada que possa glorificar o homem; ele é plantado, nutrido e protegido pela própria mão do Senhor, e a Ele seja atribuída toda a glória.
A Todos Ele Curou
Charles Haddon Spurgeon
“ Muitos o seguiram, e a todos ele curou ” (Mt. 12:15)
Que multidão de doentes repugnantes deve ter se aglomerado sob olhos de Jesus! Apesar disso, não lemos que Ele estivesse com nojo, e sim pacientemente esperando cada caso. Que variedade singular de males deve ter se encontrado a Seus pés! Que úlceras nojentas e que feridas purulentas! Ainda assim Ele estava pronto para cada nova forma de terríveis males, e foi vencedor sobre cada uma delas. Deixe que os dardos venham de todos os lados, Ele extinguiu seu poder flamejante. O calor da febre ou o calafrio da inflamação; a letargia da paralisia, ou a cólera da loucura; a imundície da lepra, ou a escuridão da cegueira – todos conheceram o poder de Sua palavra, e fugiram ao Seu comando. Em todos os cantos da terra Ele foi triunfante sobre o mal, e recebeu o respeito dos cativos libertos.
Ele veio, viu, e venceu em todos os lugares. Ainda é assim nesta manhã.
Qualquer que seja o meu caso, o Médico amado pode me curar; e qualquer que seja o estado dos outros de quem eu possa me lembrar neste momento de
oração, posso ter esperança em Jesus que Ele será capaz de curá-los de seus
pecados. Meu filho, meu amigo, alguém querido, posso ter esperança para cada um, para todos, quando me recordo do poder medicinal de meu Senhor; e por minha conta, qualquer que seja a gravidade da minha luta contra os pecados e as enfermidades, ainda posso ficar alegre. Aquele que na terra andou em hospitais, ainda dispensa a Sua graça, e faz maravilhas entre os filhos dos homens: deixe-me ir a Ele de uma vez por todas em plena confiança.
Vou louvá-lO esta manhã, enquanto me recordo de como Ele trabalhou Suas curas espirituais, as quais Lhe trouxeram grande renome. Foi por tomar sobre si nossas enfermidades.
“Por suas chagas, fomos sarados.” (I Pe. 2:24) A Igreja na terra está repleta de almas curadas por nosso Médico amado; e os habitantes do próprio céu confessam que “A todos Ele curou.” Venha, então, minh´alma,
anuncia em todos os lugares as virtudes da Sua graça, e deixa “ser isto glória para o SENHOR e memorial eterno, que jamais será extinto.” (Is. 55:13)
A Iniquidade das Coisas Santas
Charles Haddon Spurgeon
“E estará sobre a testa de Arão, para que Arão leve a iniqüidade concernente às coisas santas que os filhos de Israel consagrarem em todas as ofertas de suas coisas santas; sempre estará sobre a testa de Arão, para que eles sejam aceitos perante o SENHOR” (Êxodo 28:38)
Que véu é levantado por estas palavras, e que revelação! Será humilhante, mas proveitoso para nós, fazer uma pausa por alguns instantes e observar este triste espetáculo. As iniquidades da nossa adoração pública: sua hipocrisia,
formalidade, indiferença, irreverência, inconstância de coração, e o esquecimento da parte de Deus - que boa medida nós termos aí! Nosso serviço
para o Senhor, sua ambição, egoísmo, descuido, desleixo, descrença - quanta
mácula! Nossa devoção particular, sua debilidade, frieza, negligência,
sonolência, e vaidade - que monte de terra improdutiva! Se olhássemos mais
cuidadosamente, perceberíamos que esta iniquidade é muito maior do que
aparenta ser à primeira vista. Dr. Payson, escrevendo a seu irmão, diz, “Minha
paróquia, assim como meu coração, muito se assemelha ao jardim de um
preguiçoso; e o que é pior, acho que grande parte dos meus desejos para a
melhoria de ambos, procedem ou do orgulho e vaidade, ou da indolência. Vejo as ervas daninhas que cobrem meu jardim, e espiro um ardente desejo de que elas fossem erradicadas. Mas, por que? O que move esse desejo? Talvez eu saia e diga a mim mesmo: ‘que bela ordem mantenho em meu jardim'! Isto é orgulho .
Ou pode ser que meus vizinhos olhem por cima do muro e digam: ‘Como seu jardim está florido!' Isto é vaidade . Ou talvez eu deseje a destruição das ervas daninhas porque estou cansado de arrancá-las. Isto é indolência .” De modo que, mesmo nossos desejos de santidade podem estar contaminados por motivos vis. Os vermes se escondem sob os gramados mais verdejantes; não precisamos observar por muito tempo para descobri-los. Que encorajador é o pensamento de que, quando o Sumo Sacerdote suportou a iniquidade das coisas santas, ele colocou em sua testa as palavras “SANTIDADE AO SENHOR”: e mesmo assim, enquanto Jesus sustenta nosso pecado, Ele apresenta diante da face do Pai não a nossa santidade, mas a sua própria. Oh! quanta graça por ver o nosso grande Sumo Sacerdote pelos olhos da fé!
A Minha Graça te Basta
Charles Haddon Spurgeon
“A minha graça te basta” (2Coríntios 12:9)
Se nenhum dos santos de Deus fosse humilhado e sujeito às provações, não
conheceríamos tão bem nem metade das consolações da graça divina. Quando encontramos um andarilho que não tem onde reclinar a cabeça, mas que pode dizer: "mesmo assim confiarei", ou quando vemos um pobre necessitado de pão e água que ainda se gloria em Jesus; quando vemos uma viúva enlutada assolada por aflições e ainda tendo fé em Cristo, oh! que honra isto reflete no evangelho.
A graça de Deus é exemplificada e engrandecida na pobreza e nas provações dos crentes. Os santos resistem a todo desalento, crendo que todas as coisas
cooperam para o seu bem, e que, entre todas as coisas aparentemente ruins
afinal florescerá uma verdadeira bênção - que, ou seu Deus operará um rápido
livramento, ou, com toda certeza, os sustentará na provação, enquanto assim
Lhe aprouver. Esta paciência dos santos prova o poder da graça divina. Há um
farol em alto mar: a noite está calma - não posso dizer se sua estrutura é sólida
ou não; a tempestade precisa desabar sobre ele, e só assim saberei se continuará em pé. Assim é com a obra do Espírito Santo: se ela não fosse cercada por águas tempestuosas em muitas ocasiões, não saberíamos que é forte e verdadeira; se os ventos não soprassem sobre ela, não saberíamos o quanto é firme e segura. As obras-primas de Deus são aqueles homens que permanecem firmes, inabaláveis, em meio às dificuldades: "Calmo em meio ao choro transtornado Confiante na vitória."
Aquele quer quer glorificar seu Deus deve ter em conta o enfrentar muitas
provações. Nenhum homem pode ser reconhecido diante do Senhor a menos que suas lutas sejam muitas. Se, então, o teu for um caminho atribulado, regozija-te nele, pois mostrarás o teu melhor diante da toda - suficiente graça de Deus. Quanto a Ele falhar contigo, jamais penses nisto - odeia este pensamento. O Deus que foi suficiente até agora, o será até o fim.