Os Anglicanos

Os Anglicanos

                                                                       

                                               Os Anglicanos


Não se sabe exatamente quando o cristianismo se estabeleceu nas Ilhas Britânicas, mas é certo que já existia antes do século III, possivelmente a partir de missionários fugidos das perseguições às quais os primeiros cristãos estavam sujeitos. Os primeiros registros da presença cristã naquela região foram feitos por Tertuliano, no ano de 208. Mais tarde, no concílio de Arles, realizado em 314 na França, compareceram três bispos de uma Igreja que existia na Inglaterra sem o conhecimento da Igreja Romana. Certamente são os primeiros bispos Anglicanos de que se tem conhecimento.

A primeira Igreja Cristã organizada nas Ilhas Britânicas é a Igreja Celta. O povo Celta já habitava esta região antes mesmo da invasão anglo-saxã. Essa igreja, resistindo ao paganismo destes invasores, conseguiu manter uma Igreja Cristã independente, com organização monástica e tribal, sem nenhuma relação com a Igreja de Roma ou qualquer outra, embora mostrasse alguns hábitos e costumes orientais.

Em 1534, a Igreja da Inglaterra (Anglicana) se separou em definitivo da Igreja Católica Romana, por iniciativa do rei Henrique VIII, valendo-se da questão com o Papa, relacionada com o pedido de anulação de seu casamento com Catarina de Aragão. pedido foi negado pelo Papa Clemente VII (Giulio di Giuliano de' Medici) Papa entre 1523-1534,  por temer a reação do Imperador da Espanha Carlos V, sobrinho de Catarina. Esse acontecimento caiu como uma benção para os ingleses; pois foi apartir daí que se tornaram livres das garras opressoras da igreja romana.

Esta separação, não obstante tenha acontecido por interesses pessoais e políticos, era um velho sonho da Igreja da Inglaterra, que nunca tinham aceito plenamente a dominação Romana. Houve a anistia do clero nacional mediante pagamento de multa a igreja romana; também a restrição do pagamento das anatas (tributos) ao papa. Não pode-se, portanto, atribuir a Henrique VIII o titulo de fundador da Igreja Anglicana. Este processo de separação, em meio à Reforma Protestante, não marcava o surgimento de uma nova Igreja, mas sim a alforria definitiva de uma Igreja Cristã que se desenvolvia desde o século III de nossa era.                                

                                   Anglicanos ilustres

 

 Robert Raikes (1735-1811 ). Sentado a sua mesa de trabalho num domingo em outubro de 1780 o dedicado jornalista, Robert Raikes procurava concentrar-se sobre o editorial que escrevia para o jornal de Gloucester, de propriedade de seu pai. Foi difícil para ele fixar a sua atenção sobre o que estava escrevendo pois, os gritos e palavrões das crianças que brincavam na rua, debaixo da sua janela, interrompiam constantemente os seus pensamentos. Quando as brigas tornaram-se acaloradas e as ameaças agressivas, Raikes julgou ser necessário ir à janela e protestar do comportamento das crianças. Todos se acalmaram por poucos minutos, mas logo voltaram às suas brigas e gritos.

Robert Raikes contemplou o quadro em sua frente; enquanto escrevia mais um editorial pedindo reforma no sistema carcerário. Ele conclamava as autoridades sobre a necessidade de recuperar os encarcerados, reabilitando-os através de estudo, cursos, aulas e algo útil enquanto cumpriam suas penas, para que ao saírem da prisão pudessem achar empregos honestos e tornarem-se cidadãos de valor na comunidade. Levantando seus olhos por um momento, começou a pensar sobre o destino das crianças de rua; Raikes sentiu-se atribulado no seu espírito ao ver tantas crianças desafortunadas crescendo desta maneira; sem dúvida, ao atingir a maioridade, muitas delas cairiam no mundo do crime. O que ele poderia fazer?

Para Raikes aqueles meninos teriam que ocuparem seu tempo com um verdadeiro aprendizado, aprenderem a palavra de Deus.  A partir de então, não somente fazia campanhas em prol dessa escola através de seu jornal para angariar doações de material escolar, mas também agasalhos, roupas, sapatos para as crianças pobres, bem como mantimentos para preparar-lhes um bom almoço aos domingos. Ele foi visto frequentemente acompanhado de seu fiel servo, andando sob a neve, com sua lanterna nas noites frias de inverno. Raikes fazia isto nos redutos mais pobres da cidade para levar agasalho e alimento para crianças de rua que morreriam de frio se ninguém cuidasse delas; conduzindo-as para sua casa, até encontrar um lar para elas.

As crianças se reuniam nas praças, ruas e em casas particulares para estudarem. Raikes pagava um pequeno salário às professoras que necessitavam, outras pagavam suas despesas do seu próprio bolso.

No começo Raikes encontrou resistência ao seu trabalho, entre aqueles que ele menos esperava - os líderes das igrejas. Achavam que ele estava profanando o domingo sagrado, e profanando as suas igrejas com as crianças ainda não comportadas. Havia nestas aturas, algumas igrejas que estavam abrindo as suas portas para classes bíblicas dominicais, vendo o efeito salutar que estas tinham sobre as crianças e jovens da cidade. Grandes homens da igreja, tais como João Wesley, o fundador do metodismo, logo ingressaram entusiasticamente na obra de Raikes, julgando-a ser um dos trabalhos mais eficientes para o ensino da Bíblia.

As classes bíblicas começaram a se propagar rapidamente por cidades vizinhas e, finalmente, para todo o país. Quatro anos após a fundação, a Escola Dominical já tinha mais de 250 mil alunos, e quando Robert Raikes faleceu em 1811, já havia na Escola Dominical 400 mil alunos matriculados.

A primeira Associação da Escola Dominical foi fundada na Inglaterra em 1785, e no mesmo ano, a União das Escolas Dominicais foi fundada nos Estados Unidos. Embora o trabalho tivesse começado em 1780, a organização da Escola Dominical em caráter permanente, data de 1782. No dia 3 de novembro de 1783 é celebrada a data de fundação da Escola Dominical.

 

John Robert Walmsley Stott, (27 de abril de 1921) John Stott como é conhecido,  é um líder Anglicano britânico que é conhecido com uma das grandes lideranças mundiais evangélica. Serve como Presidente da igreja "All Souls" em londres desde 1950. Estudou na Trinity College Cambrigde, onde se formou em primeiro lugar da classe tanto em francês como em teologia, e é doutor honorário por varias universidades, na Iglaterra, nos Estados Unidos e no Canadá. Uma de suas maiores contribuições internacionais foi pelos seus livros. John Stott começou sua carreira como escritor em 1954 e já escreveu mais de 40 títulos e centenas de artigos, além de outras contribuições à literatura cristã. Entre os seus títulos mais famosos estão:

Cristianismo Básico. A Cruz de Cristo. Eu Creio na Pregação. Firmados na Fé. Cristianismo Equilibrado. Entenda a Bíblia. Cristianismo Autêntico. O Perfil do Pregador.

A sua obra mais importante, Cristianismo Básico, vendeu mais de 2 bilhões de cópias e já foi traduzido para mais de 60 línguas.

“A fé que recebe a Cristo precisa ser acompanhada pelo o arrependimento que rejeita o pecado.”( John Sttot )

 

 

 

James Innell Packer (22 de julho de 1926) J.I. Packer como é conhecido, é um teólogo anglicano e professor de teologia no Regent College, em Vancouver, Canadá. Autor de diversos livros, muitos deles traduzidos para o português. Entre os seus livros publicados em português estão: O Conhecimento de Deus, Esperança, Na Dinâmica do Espírito, Entre os Gigantes de Deus e Os Vocábulos de Deus.

Foi editor da revista Christianity Today (Cristianismo Hoje) e membro do comitê de novas traduções da Bíblia.

“A religião em que nosso Senhor foi criado era, antes e acima de  tudo, uma religião de sujeição a autoridade de uma palavra divina escrita.”( J. I. Packer )

                      Confissão de fé Anglicana 1571

Alguns capítulos: 1, 4, 5, 6, 10, 13, 19, 28.

 I. DA FÉ NA SANTÍSSIMA TRINDADE

 Há um único Deus, vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo, indivisível, não sujeito à paixões, de infinito poder, sabedoria e bondade; Criador e Sustentador de todas as coisas visíveis e invisíveis. E na unidade desta Divindade há três Pessoas, da mesma substância, poder e eternidade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

IV. DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Cristo verdadeiramente ressurgiu dos mortos e tomou de novo o seu corpo, com carne, ossos e tudo o mais pertencente à perfeição da natureza humana; com o que subiu ao Céu, e lá está assentado, até que volte a julgar todos os homens, no último dia.

 

V. DO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo, procedente do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória que o Pai e o Filho, verdadeiro e eterno Deus.

VI. DA SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS SAGRADAS PARA A SALVAÇÃO
 
As Escrituras Sagradas contêm todas as coisas necessárias para a salvação; de modo que tudo o que nela não se lê, nem por ela se pode provar, não deve ser exigido de pessoa alguma que seja crido como artigo de Fé ou julgado como exigido ou necessário para a salvação. Pelo nome de Escrituras Sagradas entendemos os Livros canônicos do Antigo e Novo Testamentos, de cuja autoridade jamais houve qualquer dúvida na Igreja.

X. DO LIVRE-ARBÍTRIO

A condição do Homem depois da queda de Adão é tal que ele não pode converter-se e preparar-se a si mesmo, por sua própria força natural e boas obras, para a fé e invocação a Deus. Portanto, não temos o poder de fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus, sem que a graça de Deus por Cristo nos preceda, para que tenhamos boa vontade, e coopere conosco enquanto temos essa boa vontade.

XIII. DAS OBRAS ANTES DA JUSTIFICAÇÃO

As obras feitas antes da graça de Cristo e da Inspiração do seu Espírito, não são agradáveis a Deus, porquanto não procedem da fé em Jesus Cristo; nem fazem homens dignos de receber a graça, nem (como dizem os autores escolásticos) merecem a graça de congruidade; muito pelo contrário, visto que elas não são feitas como Deus quis e ordenou que fossem feitas, não duvidamos terem elas a natureza do pecado.

XIX. DA IGREJA

A Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis, na qual é pregada a pura Palavra de Deus, e são devidamente ministrados os Sacramentos conforme a Instituição de Cristo em todas as coisas que necessariamente se exigem neles.

Assim como a Igreja de Jerusalém, de Alexandria e de Antioquia, erraram; assim também a Igreja de Roma errou, não só quanto às suas práticas, ritos e cerimônias, mas também em matéria de Fé.

XXVIII. DA CEIA DO SENHOR

A Ceia do Senhor não só é um sinal do mútuo amor que os cristãos devem ter uns para com os outros; mas antes é um Sacramento da nossa Redenção pela morte de Cristo, de sorte que para os que devida e dignamente, e com fé o recebem, o Pão que partimos é uma participação do Corpo de Cristo; e de igual modo o Cálice da Bênção é uma participação do Sangue de Cristo.

A Transubstanciação (ou mudança da substância do Pão e do Vinho) na Ceia do Senhor, não se pode provar pelas Escrituras Sagradas; mas antes repugna as palavras terminantes das Escrituras, subverte a natureza de Sacramento e tem dado ocasião a muitas superstições. O Corpo de Cristo é dado, tomado e comido na Ceia, somente de um modo celeste e espiritual. E o meio pelo qual Corpo de Cristo é recebido e comido na Ceia é a Fé.

O Sacramento da Ceia do Senhor não foi pela ordenança de Cristo reservado, nem levado em procissão, nem elevado, nem adorado.